quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Balança


Mais um ponto
a menos.
Mais um pouco
ou menos
e não quero mais...

Mas que tanto 
temos,
que tanto temermos?

Perder-se é o de menos
se ganharmos paz.

Mais ou menos...

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Última morte

Eis que
a dor da morte
ressucita
e se faz forte.

Assim seja!

Desde que seja
morte morrida
cinza varrida
que o vento levou...

Que não vire adubo
pra não virar flor
pra não morrer mais
pra não nascer dor.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Assumo

Traída:
sim,
eu fui.

Traída sim!

Traída!
Assim
eu fui...

Traída.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Matemática humana

Despertou-me a sensação:
ser humano é tão barato...
É só ter pano e arroz no prato.

Mas é caro ser divino...
Custa um sim para o destino
pesa mais que um milhão.

sábado, 3 de setembro de 2011

Sem ti

Que preguiça
de sentir
essa saudade
sem sentido
sem ter tido
a vaidade
de dexar-lhe
a sentindo.

sábado, 20 de agosto de 2011

Deixe que ame

Não se poupe.
Não me negue
nem se apegue
a me poupar.

Não sufoque
o sim do toque
sim negado
é se negar.

O sim dói
quando calado
amor não compratilhado
é igual a não amar.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Incômoda dúvida

Onde é que te coloco agora?
Como é que faço pra te jogar fora?
Quem é que pode te levar embora?

Se é que penso não querer-te agora...

Maré baixa

Maré sobe
molha areia
rega pé
te traz sereia.

Mar é só
e forja ceia
leva a fé
e te esfomeia.





domingo, 31 de julho de 2011

Deixo o rio levar

Teimosia,
aqui jaz.
Vou boiando
n'água fria
enterrando a agonia
do cansaço de remar.
Seguindo o curso do rio,
aguentando todo o frio,
desembocando no mar.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Eu e as rosas

Pensei que não gostasse de rosas.
Tanto tempo oferecendo-as
e só agora vi suas costas.

Fora do padrão

Padrão quebrado:

perdão calado
patrão errado
sertão focado
portão  aberto!

Devaneio à moda

A moda muda
o mundo muda.
Meu Deus!
Me dá um medo...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Flores apesar de tudo

A poesia foge
de quem sente
mas não pode
assumir a sua dor.

Mas eu sofro
sem negar
num deserto
a carregar
poesia como flor.

Minha arte
é florescer
toda parte
que doer
do caminho
ao amor.

domingo, 10 de julho de 2011

Holograma

Te ver assim
sentado ao pé da cama
com olhar pontiagudo
pra provar qu'inda me ama
é pra mim absurdo...

Parece um holograma!

Tempo cruzado
coisa sem futuro
um pedaço de passado
presente no escuro!

domingo, 26 de junho de 2011

Mentirosa

Vem ver;
vem me ver
e sentir
meu viver
que é só rir...

Vem beber
do que sou:
não mais só
o que restou
do seu último gole.

Vem provar
do desdém
vem ouvir o amém
mas não chore.

Vem saber
que é mentira
que é oca
esta ira
que estou louca
e se vira
para me levar embora!

Vem dizer
que me ama,
me levar para a cama,
me trazer
para o agora.

Vem ouvir
que perdôo
desisti desse vôo
pois eu não
tenho asa.

Vem saber
que te amo
que meu único plano
é pousar na tua casa.

Eureca!

Então é isso!
Entre nós
há um elástico.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Pra tão longe

Eu deixo por dizer...
é preguiça
de sofrer.
Eu me calo
em solidão
arrastada
pra tão longe de você...

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Vivifica

A luz solar
o frio do chão
café, chá, pão.

O sabiá
bom dia e lá
se faz azul.

Nos olhos teus
que como os meus
vivem tão nus.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Transição

Já não sou tão sua.
Já não sou tão só.
Já não sou só sua.

Hoje sou tão sol,
já não sou tão lua...

domingo, 15 de maio de 2011

Lógica da sobrevivência

Bem aventurados
os que nada desejam.
Eles sim
têm tudo o que querem.

Podia ser você

Nasci
quis mãe
mamei
andei
corri
amei
temí
senti
frio
calor
medo
sede
fome
vento,
HOMEM!
Morri.
Virei hambúrguer.

O olhar do jornaleiro

Me apaixono por olhares
(e me entrego pelos meus),
será que já notastes
que isto já me ocorreu?

Eu, que sou quase mulher
quando passo por sua banca,
notarás quando quiser
que eu volto a ser criança.

Isso muito me fascina
desafia as leis do mundo,
pois eu volto a ser menina
em questão de um segundo...

Fico roxa, mão suada,
chega até a me dar azia...
De repente, gargalhada
quando acaba a travessia.

Remontando toda a cena
depois de por ti passar
imagino em poema
o poder do seu olhar.

Durante todo o caminho
trabalho a espontaneidade
sem pensar se tem espinho
a flor da maturidade.

Ledo engano, pretensão
um olhar me intimida
veja que contradição!
Serei eu ainda menina?
Ou será que é paixão?

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Covardinha

Como é que a gente sabe
se não tá doendo mais?
Talvez nunca se acabe
esses malditos sons de ais!

Será que isso é certo
distrair pra não doer?
Não lembrar
como é estar perto,
Só lembrar de te esquecer...

Eu não sinto
que fui forte
Nem que a sorte me curou
Eu só fujo dessa morte
que o tempo atropelou.

Sol e lua em escorpião

Pois é...
A cada dia
morre um pouco
de alegria
pra nascer felicidade.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Figurante

Vai vida!
Voraz, viva
vai vivendo
vai varrendo
vem vencendo
o vão tremendo
que vou vendo
enquanto sendo
vide e verso
do teu senso
eu vivo.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Orgazmo

Não me inspiro
se respiro
assim tão longe
de você.

Quase piro
não me viro
mal consigo
me mexer.

Eu não sei
até que dia
vou levar
essa paixão,

e nem sei
se deveria
lhe abrir
meu coração,

mas sou feita
de verdades
e não gosto
de marasmo....

Gosto da
felicidade
que contigo
é feito orgazmo!

domingo, 24 de abril de 2011

Calejando

O que calo
engulo seco
e vira nó.

Dois minutos
ou só meio
vira choro
de dar dó.

Passa o dia
e passo a noite
revirando este pó.

De manhã
o sol me lembra
chegou mais um dia
só.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Enquanto não sou

Temo
a perda
do que
não é meu.

Deixo
de lado
o Amor
que é do Eu.

Poupo
o mundo
de ter
meu abraço.

Sinto
faltando
em mim
um pedaço.

sábado, 9 de abril de 2011

Só sei que quero

Não quero te ferir
nem quero te salvar
não quero te levar comigo
muito menos te deixar.

Não quero sumir
não quero ficar
nem mesmo saber
o que planejar.

Não quero demora
nem me apressar
não quero agora
nem quero esperar.

Não quero esquecer
não quero lembrar
não quero perder
nem tento ganhar.

Não quero me abrir
nem me ocultar
nem te dividir
nem te aprisionar.

Eu
não sei
como
querer-te.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Muito é pouco

Tamanha dualidade
meu corpo viril
não mais comporta!
Já estou capenga,
já estou toda torta,
de cabeça e coração!
Aliás,
onde é que eu devo me enfiar?
A cabeça,
tá sempre olhando pra cima
vendo o universo que é infinito
me reduzindo à poeira cósmica.
O coração,
meu pé no chão,
meu grito de não
me nega a razão
e só sente a dor
que é te querer tanto assim!
Ele só pede
que volte pra mim!

Confesso

Hoje eu chorei,

estava errada
em achar que sarei!
Não foi só fachada
eu juro que achei.
Mas fui assaltada
pelo que já sei:
já sei que errada
ou não, ficarei
pra sempre amarrada
pois essa é a lei
e eu fui condenada
por isso chorei.

terça-feira, 29 de março de 2011

O sofá

Ele não me conhece mais...
E eu só revelo o que ele já viu...
Ele não me conhece mais...

Eu já abri mão do meu querer
e acolhi a solidão,
já transcendi o ciúme
ciumento
que poluía meu amor,
e já até rezo
pra que só gente de luz se aproxime dele.

Mas ele não me conhece mais...
E eu só revelo o que ele já viu...

Eu já nem me reconheço
quando olho para trás,
mas só lhe revelo o que ele já viu...

Eu agora amo
todos que lhe fizeram
e fazem bem,
eu agora quero
que ele cruze o mundo só,
eu agora arrombaria
 as grades que lhe impedem
de voar...
Eu agora sorrio ao mundo,
e agradeço à Deus
por tamanha evolução que
acabou em tamanha nobreza de sentimento...
Foi preciso perder, sofrer,
se machucar, se desiludir,
pra conhecer o verdadeiro Amor.

Mas
ele
não
me conhece
mais...

Já troquei todos os móveis
mas ele vê o velho sofá rasgado...

segunda-feira, 28 de março de 2011

Cochicho

Meu pai poeta,

preferido,
perito
e profeta,
mas profano!
Não,
não me engano...
Mas deixa,
deixa em baixo do pano...

sexta-feira, 25 de março de 2011

Ordem de regresso

O dia
podia
um dia
por dia
voltar.

Carne

No pântano escuro
me visto de sombra
e flutuo.

Devoro serpentes
com pele
órgãos
e dentes.

Gargalho ao final.

Lembrando da dignidade
de ser amada
que meu nome arrasta
pelos corredores
pântano a dentro.

Eu não mereço
eu não mereço aquele amor...

domingo, 20 de março de 2011

Desperta dor

A saudade me acordou
há saudade
ah, saudade...

Volta pra gaveta
das coisas coladas
e caladas
e me deixa viver o dia!

segunda-feira, 14 de março de 2011

Por fora

Amordaçado
está meu coração...
Só está calado
pra não parecer chorão.

Sorrindo á toa
está minha boca...
Pareço na boa
pra não parecer louca.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Malandragem

Segure a peteca
estapeie a boneca
não deixe a caneca
cair.

Põe mais coloral
pitada de sal
tempere o caminho
à seguir.

E força no passo
com fé sem embaço
que o tempo não para
o porvir.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Duelando

- Por exemplo,
  por acaso
  existe?

- Nem exemplo
  nem acaso.

- Por que?

- Por acaso,
  por exemplo!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Choro de criança II

Se a flor que canta chora
é preciso escutar...
Ou tu regas, ou ignoras
fazes crescer, ou fazes muchar.

Por que pisas num jardim
onde há flores tão belas
se o que queres é o fim
e no caminho pisas nelas?

Se não podes contemplar
Se não podes adubar
Se não podes florescer...

Quando apronto o meu laço
é sozinha que isto faço
mas tu fazes embaraço
pois tens medo de voar.

Quero ver tu desatar
Quero ver tu decidir
Quero ver tu decolar...

Quando falo não obrigo
dizer sim o meu amigo
e nem tapo o meu ouvido
quando ele me diz não.

Pra bem forte dizer não
é preciso ter certeza,
colocar cartas na mesa
já virou retalhação...

Pra bem forte doer
Pra bem forte querer
Pra bem longe voar.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Boa noite

Sorte
viva
forte
verde
norte.

Siga
queira
jogue
diga
foque.

Foi
quis
jogou
colheu
amou.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Sol e lua em Cajaíba

Lá numa trilha
em Pouso da Cajaíba
vi borboleta tatear
jaca com a língua.

E no finzinho
com os pés quase no mar
vi uma árvore
que punha-se a chorar.

Fiquei parada
não sabia o que fazia
vendo essa árvore
chorar de alegria.

Fiz uma prece
com fim de agradecer
tanta beleza de Deus
a se oferecer.

Esse lugar é tão bonito
até do avesso
que num conflito
me pergunto se mereço.

Chegou canoa
com a criança caiçara
que já nasceu remando
com o sol na cara.

Pega cigarra
dá nó de gravata em cobra...
Meu Deus do céu!
Em Cajaíba a vida sobra!

O pescador tem muita história
pra contar...
Mula, caipora,
saci e onça a piar.

Caiu a noite
céu de estrela ilumina
e o spiro-diro brilha
no pé da menina.

E tem a lua
fazendo par com a fogueira
viola e samba
de raíz a noite inteira.

A Gabriela
que é a mulher mais conhecida
cravo e canela
desce queimando a barriga.

Até tem cerveja,
mas avise que tá quente!
Então, catuaba!
Desce mais uma pra gente!