sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Resgate

Que vontade, que saudade
Das tardes quentes e laranjas
Pés de terra, mãos de arte
Os olhares de criança.

Um dia

Ah, se um único dia fosse igual a você...
O Sol chegaria de mansinho
Conquistando cada folha de todo verde, cada gota de toda água, cada sopro de toda vida.
E quando desperto, metade de tudo sorriria à sua graça de ser e estar.

O calor revesaria com a brisa o prazer que à pele dá.
Todas as flores exalariam seus perfumes juntas, impregnando o ar de boas lembranças.
As árvores secas dariam frutos aos gostos
E flores á esboços de espontâneas poesias.

Neste dia não haveria grades reprimindo o vôo de nenhuma ave
E todos os colibris poderiam beijar por aí!
Ninguém sentiria falta de abraços,
Ninguém sentiria medo da boa intenção de um palhaço.

Não haveria buzinaço!
Todas as músicas se fundiriam num silêncio fetal.
Os cegos amariam a vida por ver Deus na escuridão.
Os pecadores cairíam de joelhos, arrependidos e perdoados.

Todos os seres humanos se sentiriam abençoados, e,
Não existiria religião...
Se um único dia fosse igual a você,
Todas seriam uma, e este dia, a oração.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Jogo dos sentidos

Desistir.
De que?
Por que?
Para que?

Desistir de acreditar que há solução,
entre soluços, sins e nãos:
precipitação,
agir na emoção!

Desistir por se achar mais importante,
mais saciante, por achar por um instante
que o amor não é bastante:
insatisfação viciante!

Desistir para fugir
da responsabilidade
de aceitar toda verdade
e ainda assim encontrar felicidade!

Des-existir: assassinato!
É o medo nato, de engolir
o que está no prato.
Isto é fato!

Não vou deixar que o tato e olfato,
a vista,
o som e o gosto bom
me escravizem e dêem o tom!

Isto é entre mim e eu mesma...
Colocando as cartas na mesa
e ditando as regras
de qualquer jogo que surgir.

Regra número um:
não desistir!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Nós veloz

A constância da certeza
A certeza do constante
Uma valsa bem dançada
Um capricho da perfeição
Dedos apontando para a mesma direção
O alívio da meta cumprida
A vida maestrada, e obedecida
Compreensão mútua
Não pensar para sorrir
(suspirar suspiros alados, tremeluzir as pálpebras e o abraço integral)
Toda a pele satisfeita
Pausa para a felicidade
Poesia infinita
Eternidade...

Samba de Corda

Não foi sem aviso a dor do deslize.
Nunca me foi dito que eu não cairia,
Mas andar em corda bamba
nem sempre é samba!
Às vezes é,
mas nunca sempre será...
A vida venta
e a corda balança...
Há dias que o corpo
não entra na dança
Há dias que a vida
o vento
a corda
e tudo
só cansa!
Me sinto invadida pela ventania e
me vejo tão leve nesse soprar...
Como uma pétala de dente-de-leão
frente ao sopro de uma criança despreocupada.
E vou do céu ao chão
vou do ódio ao perdão
do sim ao não
do nada ao delírio
vou do bambear ao equilíbrio.
E volto para a corda bamba
e volto a escutar o samba...