quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Inevitável

Os olhos profundos,
infinitos e ignorantes a qualquer movimento
delatavam angústia
e reflexão.

Buscavam em meio a um labirinto
escuro
um feixe de luz
que troxesse alívio.

A pausa eterna
entre uma palavra e outra
trouxe lágrimas renegadas,
no lugar da saída.

A boca entreaberta
inspirava socorro,
respirava desespero.
Quente e rarefeito.

Um vazio preencheu a atmosfera.
Densa.

O Silêncio.

Maciço e afiado,
furou meus tímpanos
que suplpicavam por palavras.
Doces.

Nosso amor sangrava
em meus braços.

E tudo ,
tudo o que eu pude fazer
foi chorar.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Jogo de cintura

Você não me entende,
mas fique ciente:
não sou dependente
de sim ou de não.

Quando eu choro,
eu não me ignoro:
eu grito e imploro,
me jogo no chão.

Se for meu tropeço,
me viro do avesso:
finjo que esqueço
ou peço perdão.

Se apertar o passo,
eu troco o compasso:
te dou um abraço
e ganho a razão.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Olhos cheios de nada

Mas quando seus olhos ficarem vazios,
não olhe nos meus, nem sequer me toque.
Congelam-me o peito olhares tão frios...
Me quebram ao meio, me deixam em choque.

Tamanha é minha dor por sua conduta
de esquecer da alma e pedir por sexo,
que fico sem cor, me sinto uma puta.
Meu olhar se apaga e vaga perplexo.

E vejo o espaço que não quero ver,
que está em seus olhos e entre os nossos...
Neste amor escasso a me oferecer,
Cortando-me a pele, a carne e os ossos.

Pra quê insistir nesse amor profano?
Não vê que entre nós há tanta pureza?
Me diga com os olhos um puro "eu te amo"
ou deixe-me só com minha tristeza.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Cruel poesia

A poesia latente que em meus braços pede ajuda
grita, chora, corre, voa e me afunda
pede mais e mais de mim
do que sobrou do mim do meu eu.

Pede o máximo de liberdade que eu nunca libertei
deixe-me estar, deixe-me ser
as palavras se atropelam no caminho
que me leva a esta súplica infantil
de quem tem preguiça da perfeição,

e o leve sentir tem peso de chumbo
e a vida toda é só distração, destruição
de solo fértil

a vida é estéril e verde
é broto amargo.
injusta, madrasta.
a vida engana os poetas.

A vida é linda como a lua, é longe como a lua,
é o reflexo da lua no lago.
Os poetas: crianças aprendendo a nadar
ilariamente iludidos de poder alcançar a lua
e quando chegam no meio do lago,
a vida escorre entre os dedos.

Zardoz


Um detalhe no cenário
Um motivo imaginário...
O pretexto perfeito,
previsto,
eu insisto: já sabia de tudo!
Você, eu
Um filme, um vinho...
O futuro.